Singelezas
Dir-se-iam passarinhos novos, aquelas histórias, a espalharem lírios, diamantes, estrelas, figurinhas de criança; alminhas sem malícia a rirem-se para a gente, uma orquestra a cantar, a natureza animada pelo talento, como a dar-lhe, a palavra humana, e saber a linguagem dos cisnes, dos salgueirais, dos bichos, das águas, das rosas e das crianças. Para ser ordenado contista cumpre fazer voto de singeleza; a santa, divina simplicidade: quanto mais para ser mestre, para ser Andersen, para ser único! É uma literatura, a dos contos, que brota do pensar nacional e do gosto fino e excepcional de um escritor; popular não o é, não se pode verdadeiramente dizer que o seja, senão pelo espírito geral, que a anime e rescenda dela.
Júlio César Machado, 1885
Sobre
Hans Christian Andersen (1805-1875)
5 Comments:
Parece-me que a simplicidade é a maior dificuldade da escrita e, por isso, consegui-la é o que mais louvo nela.
...............
santo não sou
mas procuro ser simples
e objectivo
...............
Beijoca e bom dia
Maria,
A simplicidade é a maior dificuldade da vida!
Nascemos numa sociedade que nos quer cheios de complexidades, cheios de necessidades que, na verdade, não são reais.
Ser simples requer seriedade e empenho pessoal.
chuvamiuda,
Até onde eu consigo avaliar, simples e objectivo, procuras ser e és!
Já quanto a santo...não sei de nada, logo, não confirmo nem desminto!
Beijinho.
:))
pianola,
Pois é...
Na altura fez sentido, muito sentido: com os nossos jovens a ir morrer ou "estropiar" em África, uma causa perdida, o Império Colonial, o Povo aqui "atento, venerando e obrigado" - era preciso fazer qualquer coisa. E, bem ou mal, fez-se.
Post a Comment
<< Home