23.11.06

Singelezas














Dir-se-iam passarinhos novos, aquelas histórias, a espalharem lírios, diamantes, estrelas, figurinhas de criança; alminhas sem malícia a rirem-se para a gente, uma orquestra a cantar, a natureza animada pelo talento, como a dar-lhe, a palavra humana, e saber a linguagem dos cisnes, dos salgueirais, dos bichos, das águas, das rosas e das crianças. Para ser ordenado contista cumpre fazer voto de singeleza; a santa, divina simplicidade: quanto mais para ser mestre, para ser Andersen, para ser único! É uma literatura, a dos contos, que brota do pensar nacional e do gosto fino e excepcional de um escritor; popular não o é, não se pode verdadeiramente dizer que o seja, senão pelo espírito geral, que a anime e rescenda dela.

Júlio César Machado, 1885
Sobre

Hans Christian Andersen (1805-1875)

5 Comments:

Blogger Maria Arvore said...

Parece-me que a simplicidade é a maior dificuldade da escrita e, por isso, consegui-la é o que mais louvo nela.

November 23, 2006  
Blogger antónio paiva said...

...............
santo não sou

mas procuro ser simples
e objectivo
...............

Beijoca e bom dia

November 24, 2006  
Blogger Ana said...

Maria,

A simplicidade é a maior dificuldade da vida!
Nascemos numa sociedade que nos quer cheios de complexidades, cheios de necessidades que, na verdade, não são reais.
Ser simples requer seriedade e empenho pessoal.

November 24, 2006  
Blogger Ana said...

chuvamiuda,

Até onde eu consigo avaliar, simples e objectivo, procuras ser e és!
Já quanto a santo...não sei de nada, logo, não confirmo nem desminto!
Beijinho.
:))

November 24, 2006  
Blogger Ana said...

pianola,

Pois é...
Na altura fez sentido, muito sentido: com os nossos jovens a ir morrer ou "estropiar" em África, uma causa perdida, o Império Colonial, o Povo aqui "atento, venerando e obrigado" - era preciso fazer qualquer coisa. E, bem ou mal, fez-se.

November 24, 2006  

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