3.1.07

Memória

O tempo, conforme um muro, uma torre, qualquer construção, faz com que deixe de haver diferenças entre a verdade e a mentira. Aquilo que aconteceu mistura-se com aquilo que eu quero que tenha acontecido e com aquilo que me contaram que aconteceu. A minha memória não é minha. A minha memória sou eu distorcido pelo tempo e misturado comigo próprio: com o meu medo, com a minha culpa, com o meu arrependimento.
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José Luis Peixoto
in Cemitério de Pianos

7 Comments:

Blogger Maria Arvore said...

O José Luís Peixoto tem uma lupa de sexto sentido. :)
No bom sentido, quase diria que tem uma escrita feminina. :)

January 03, 2007  
Anonymous Anonymous said...

Por isso se diz que a memória é o espelho onde observamos as coisas e as gentes que nos são ausentes...

January 04, 2007  
Anonymous Anonymous said...

A delicadeza do Peixoto. Gostei de passar por aqui.

January 04, 2007  
Anonymous Anonymous said...

Curioso: por falar em memória! Ainda tenho de memória ter escrito, mais ou menos assim '... e as letrinhas do teclado, num sussurro segradado disseram: Força Mariana!', aqui no post abaixo. Mas... perdeu-se!
Afectuosamente

January 04, 2007  
Blogger Ana said...

Maria,

Pela elevada sensibilidade, talvez seja isso.
Uma linguagem tão simples, mas tão sentida, tão feita de coração e alma, que o autor se nos dá inteiro naquilo que escreve.
As personagens desnudam-se diante de nós sem despudor.

January 04, 2007  
Blogger Ana said...

77,

A porta está sempre aberta!
Recebemos com agrado os nossos visitantes - agradecemos a sua vinda.
A delicadeza do Peixoto, que me fez gostar da sua escrita desde que o li pela primeira vez, em "Morreste-me"

January 04, 2007  
Blogger Ana said...

tinta permanente,

A memória é um espelho, sim, mas daqueles que deformam um bocado as imagens. Sendo selectiva, como é, não nos dá uma fotografia mas um retrato...
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Agradeço que tenha vindo e comentado e, no post anterior, não se perdeu o seu comentário. Está lá e tem muito encanto.

January 04, 2007  

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