As palavras
A profunda harmonia entre ela e o mundo - uma harmonia difícil, instável, porque ela insistia sempre em viver com rigor, com uma atenção que não afrouxava nunca, mesmo quando dormia - o rigor, por exemplo, com que domava ou desmanchava os sonhos, obrigando-se a lembrá-los, obrigando-os a saltar por dentro de arcos incendiados, as flores imaginadas formando finalmente um ramo, as flores de sombra, de sol, de areia, domar o vento, aprender a cavalgar o vento, pôr um risco de azul a contornar o mar, a dura acrobacia do seu corpo, ao mesmo tempo solto e geométrico, os difíceis exercícios interiores, os saltos mortais de olhos vendados sobre um fio de arame estendido entre o possível e o impossível.
Teolinda Gersão, Os Guarda-Chuvas Cintilantes, 1984
Teolinda Gersão, Os Guarda-Chuvas Cintilantes, 1984
3 Comments:
......embora haja formas diferentes de definir os sonhos, de os aceitar, de os deixar tomar-nos conta...... na verdade eu, acho que nos são impostos pelo nosso subconsciente, para nos proporcionar algum equilibrio.......
Beijinhos
P.S. sessão de autógrafos em Lisboa: Sábado dia 4 de Novembro, entre as 10 e as 13, na livraria Buchholz
chuvamiuda,
És capaz de ter razão nisso: talvez existam (os sonhos) para nos dar equilíbrio.
Coisa de poeta: percebes logo à primeira!
Beijinho.
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Vou dizer às minhas colegas, tuas fãs, sobre os autógrafos.
pianola,
Porque não?
Se os neuróticos se sentirem melhor será sempre, em definitivo, mais económico do que andar no PSI...
:) :)
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