11.12.06

Poesia, vício meu

Herberto Helder

É a labareda da seda sob os dedos transmitida
ao corpo todo, seda extraída ao segredo
- tocar e ser tocado, sentir em si
a ligeireza do fogo, a profundeza,
e estremecer, ficar em chaga:
e com dedos e sedas manter as labaredas,
entre terror e louvor, a comburente,
combustível composição de tudo:
ser queimado vivo, ser luminoso.

(poema publicado em "Uma prenda para Eugénio com algumas túlipas", Edições Asa)

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