Fragilidade
Este verso, apenas um arabesco
em torno do elemento essencial - inatingível.
Fogem nuvens de verão, passam ares, navios, ondas,
e teu rosto é quase um espelho onde brinca o incerto movimento,
ai! já brincou, e tudo se fez imóvel, quantidades e quantidades
de sono se depositam sobre a terra esfacelada.
Não mais o desejo de explicar, e múltiplas palavras em feixe
subindo, e o espírito que escolhe, o olho que visita, a música
feita de depurações e depurações, a delicada modelagem
de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos: não mais
que um arabesco, apenas um arabesco
abraça as coisas, sem reduzi-las.
Carlos Drummond de Andrade
in A rosa do Povo
5 Comments:
É sempre agradável recordá-lo!...
Afectuosamente
Das coisas boas da vida, nunca nos enfastiamos.
É o caso dos poetas.
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E Viana do Castelo, sempre bonita?
A "taça", a Ana e o Fagundes nos mesmos lugares?
Da última vez que estive no Minho, bem recente, foi por outras bandas: Guimarães, Barcelos, Braga.
Enorme, mesmo.
Intemporal, poeta, filósofo também.
Quanta sabedoria de vida!
Gente Grande.
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são as fragilidades que nos dão alguma piada
ficamos tantas vezes ridículos, nos nossos fatos de sueperiores e inabaláveis
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Beijinho e boa semana
chuvamiuda,
Fragilidades, todos as temos.
Até por debaixo dos fatos de superiores existem, creio. Escondidas mas nunca inexistentes.
Beijinho.
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