
Bastava-nos amar. E não bastava
Bastava-nos amar. E não bastava
o mar. E o corpo? O corpo que se enleia?
O vento como um barco: a navegar.
Pelo mar. Por um rio ou uma veia.
Bastava-nos ficar. E não bastava
o mar a querer doer em cada ideia.
Já não bastava olhar. Urgente: amar.
E ficar. E fazermos uma teia.
Respirar. Respirar. Até que o mar
pudesse ser amor em maré cheia.
E bastava. Bastava respirar
a tua pele molhada de sereia.
Bastava, sim, encher o peito de ar.
Fazer amor contigo sobre a areia.
J. Pessoa
4 Comments:
magnífico soneto de joaquim pessoa!
Um belo soneto (que não conhecia, confesso!); uma excelência num momento que se diz para lembrar a Terra, outro de equinócio feito à mistura dos odores do iodo que são saudade...
abraços!
Aqui está um belo soneto, construído de forma pouco comum.
O autor é-me desconhecido, mais uma lacuna minha, mas tenho tantas.
O teu canto está muito bonito.
esse sobrenome "Pessoa" deve ser especial aos poetas!
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