Um Poema
ÚLTIMA PÁGINA
Primavera. Um sorriso aberto em tudo. Os ramos
Numa palpitação de flores e de ninhos.
Doirava o sol de outubro a areia dos caminhos
(Lembras-te, Rosa?) e ao sol de outubro nos amamos.
Verão. (Lembras-te, Dulce?) À beira-mar, sozinhos
Tentou-nos o pecado: olhaste-me... e pecamos;
E o outono desfolhava os roseirais vizinhos,
Ó Laura, a vez primeira em que nos abraçamos...
Veio o inverno. Porém, sentada em meus joelhos,
Nua, presos aos meus os teus lábios vermelhos,
(Lembras-te, Branca?) ardia a tua carne em flor...
Carne, que queres mais? Coração, que mais queres?
Passam as estações e passam as mulheres...
E eu tenho amado tanto! e não conheço o Amor!
OLAVO BILAC (1865-1918)
4 Comments:
Já conhecia o poema.
Olavo Bilac, um poeta extraordinário, que nunca me canso de ler.
Um gostinho que partilhamos!
:)
conhece-se a força de um poeta (de um poema) quando ao finalizar a leitura, sentimos um arrepio breve a correr pela espinha!
sonia,
Também me acontece - boa poesia, banho de emoção!
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