Para uma desconhecida
Este post de hoje é para uma desconhecida, que me deixou lágrimas na mão.
Ia, vagarosamente, do Saldanha para o Campo Pequeno, quando vi, sentada na soleira da porta de um prédio grande, uma rapariga com lágrimas nos olhos, uns cadernos e caneta na mão. Vinte, vinte e poucos anos. Parei, olhei-a e perguntei:
- Então, o que se passa, sente-se mal?
O choro passou de lento a convulsivo.
Só soube afagar-lhe o cabelo, levantar-lhe o queixo e dizer-lhe umas poucas palavras.
Na minha mão direita havia lágrimas suas.
Não lhe resolvi nenhum problema. Mas talvez a tenha convencido de que o mundo e a vida não são tão maus, como em alguns momentos nos parecem. Talvez a tenha convencido de que ser tão nova e tão bonita é uma razão para não desesperar tão profundamente. Porque a juventude também é feita de força e de esperança.
Talvez…
Porque, nas ruas da cidade grande deambulam muitas solidões, dedico a esta rapariga e a outras mulheres que o queiram para si, este poema de Sophia:
Aquelas cujos ombros se extinguiram
Contra os muros dum quarto misterioso
Onde há uma janela voltada para longe
Aquelas em cujos olhos não há cor
À força de fitarem o vazio
Que vai e vem entre os horizontes e elas
Aquelas cujo desespero cai
De todo o céu a pique sobre a terra,
Imutável e completo, igual
Ao silêncio do mar sobre os naufrágios.
Elas são aquelas que esperaram
Que todas as promessas se cumprissem
E que nos cegos deuses confiaram.
Ia, vagarosamente, do Saldanha para o Campo Pequeno, quando vi, sentada na soleira da porta de um prédio grande, uma rapariga com lágrimas nos olhos, uns cadernos e caneta na mão. Vinte, vinte e poucos anos. Parei, olhei-a e perguntei:
- Então, o que se passa, sente-se mal?
O choro passou de lento a convulsivo.
Só soube afagar-lhe o cabelo, levantar-lhe o queixo e dizer-lhe umas poucas palavras.
Na minha mão direita havia lágrimas suas.
Não lhe resolvi nenhum problema. Mas talvez a tenha convencido de que o mundo e a vida não são tão maus, como em alguns momentos nos parecem. Talvez a tenha convencido de que ser tão nova e tão bonita é uma razão para não desesperar tão profundamente. Porque a juventude também é feita de força e de esperança.
Talvez…
Porque, nas ruas da cidade grande deambulam muitas solidões, dedico a esta rapariga e a outras mulheres que o queiram para si, este poema de Sophia:
Aquelas cujos ombros se extinguiram
Contra os muros dum quarto misterioso
Onde há uma janela voltada para longe
Aquelas em cujos olhos não há cor
À força de fitarem o vazio
Que vai e vem entre os horizontes e elas
Aquelas cujo desespero cai
De todo o céu a pique sobre a terra,
Imutável e completo, igual
Ao silêncio do mar sobre os naufrágios.
Elas são aquelas que esperaram
Que todas as promessas se cumprissem
E que nos cegos deuses confiaram.
4 Comments:
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a falta de algo como ponto de referência, leva-nos muitas vezes a lugares sombrios da vida
a naufrágios que criamos, para nós e para os outros
assim é, somos frágeis muito frágeis, mesmo que a imagem que criamos, queira muitas vezes fazer parecer o contrário
sejamos nós homem ou mulher
bonitos ou feios
ter remos, não significa saber remar
haver mar, não significa sabermos navegar
há muito para aprender
falta-nos é humildade para o querer
..................
Beijinhos e noite serena
No meio da multidão é onde se está mais sozinho porque ninguém nos conhece. E Lisboa está inundada de gente que não tem ninguém para desabafar porque não se cria intimidade que o permita.
E nem todos temos a tua disponibilidade de reparar nos outros que estão ao nosso lado da rua, para fazer renascer a esperança de que as pessoas ainda são humanas.
Os deuses, sim. Bom dia.
Nas palavras de chuvamiuda:
ter remos, não significa saber remar
haver mar, não significa sabermos navegar
há muito para aprender
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Continuo a tentar aprender. Na certeza de que sou ignorante.
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Obrigada a todos Vós, que me concedem o gosto de saber que vieram...
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