20.5.07

Actos, quantos ?

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a Rita de joelhos num arrasto convulsivo de saliva e sangue, como se a morte se exaltasse com o espectáculo humano da mulher despejada de si mesma, vazia num silêncio redondo com zunidos de náusea a obrigá-la a vomitar uma imprecação dirigida a Deus, nua e apetecível no seu abandono

não me peças para fazer amor

a proteger o sexo, a dor que latejava como uma dentada, e o Jovem Ibsen tentando deslocá-la do chão, as mãos encaixadas nos sovacos num balanço elástico para erguê-la no ar e ampará-la no corpo resistente e brutal, tinha um brilho de lágrimas da imagem do mal, ele ali como um cão a arrastar uma corrente sem limites de remorsos, porque o mal se ampliava numa marcha de agressões, e a Rita sem uma palavra a mais a não ser

não me peças para fazer amor
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texto dali
fernando esteves pinto