27.4.07

Vou


Vou.
Mas volto, daqui por uns dias.

26.4.07

Conversa de pardal



Se fosse uma águia, voaria sobre grandiosas montanhas, sobre rios caudalosos e teria ninho em penhascos altaneiros.

Se fosse uma gaivota, era meu todo o azul, céu e mar minhas estradas, das viagens de descoberta.

Se fosse uma andorinha, ia para sul em busca de luz e calor. E voltava na primavera, a matar saudades dos lugares bonitos que aqui deixei.

Sendo pardal, uns poucos grãos e este riacho me bastam. Aqui bebo e me banho e, neste riacho, pode caber uma existência plena.

Importa a cor?


Decididamente, não!

Publicidade

Ontem, num café, vi um cartaz publicitário da Buondi, com a frase:
"Se as minhas palavras te tocassem".
Fiquei a meditar como é preciso ser imaginativo, talentoso, sensível, para fazer boa publicidade.
Aliás, em matéria de imagens, no mesmo campo, também encontramos coisas fabulosas.
Aqui deixo exemplos (fotos recebidas por e-mail).

25 de Abril

Paz, Pão, Habitação...


Paz, quando não há guerra, é ter trabalho, salário, justiça, educação, saúde, verdade!
É não sentir que a igualdade de oportunidades é uma mentira.
É saber que os eleitos do Povo servem o Povo.

25.4.07

Não se resignem

Se o 25 de Abril de 1974, o golpe que derrubou uma ditadura de 48 anos, foi «um gesto de inconformismo e não resignação», passados 33 anos Cavaco Silva fez um apelo «às novas gerações»: «Não se resignem!».

24.4.07

Ramo de cheiros









Os pequenos nadas que fazem momentos felizes.
Os perfumes mais inebriantes não estão em frascos de cristal.
Sábia, rica e generosa é a Mãe-Natureza.

23.4.07

Alberto, o místico

Misticismo é aquilo relacionado ao sobrenatural, ou seja, aquilo que não é puramente científico e depende de uma crença adicional para ser fundamentado. Aquilo não relacionado ao materialismo. O misticismo pode ser também qualquer crença que admite a comunicação dos homens com Deus ou algum ser imaterial ou entidade divina.
-------Wikipedia-------

Teve Alberto João uma revelação.

22.4.07

Insónia

Não é alarmante, porque raramente me acontece. Ontem tive uma insónia e, já bem tarde, ou bem cedo na madrugada, peguei num livrinho pequenino e comecei a relê-lo. "A criança e a vida", textos infantis, coligidos por Maria Rosa Colaço, em edição de 1970.

Aqui deixo dois exemplos de conteúdo:

São mãos que trabalham

São mãos que trabalham.
São de homens que puxam barcos, guiam máquinas, arrancam pedras, martelam nas ruas.
Estas mãos têm dores.
As mãos com feridas têm saudades da água fresca, das flores, da língua dum cão, das penas dum passarinho.
Os homens destas mãos são tristes. Têm fome, têm sede, gostavam de acordar um dia e descansar de manhã à noite.
Gosto muito das mãos das pessoas que trabalham.
Estas mãos fazem lembrar um coração com susto.

Dia de Natal

Tristeza vai-te embora
Tristeza
pequena morte.
Chega a noite, vai-se o dia
e assim há-de desaparecer este pobre diabo
que eu sou
com calças rotas
camisola cosida.
Esperavas um milagre nesta noite de Natal?
A camisola não recebeste
as calças não tas deram.
Bem feito
para não acreditares em anjos.

Não espanta que o sono demorasse ainda a chegar, pois não?

21.4.07

Celebrar o dia


Hoje, os lisboetas saíram à rua. Noutros locais, provavelmente, aconteceu o mesmo. Mas só posso falar do que vi. Um sol radiante, um dia quase a cheirar a Verão.
Na passeata de “ir ver o mar” – mar do Guincho - constatei que as praias da linha do Estoril já estavam cheias de gente.
A baía de Cascais, uma beleza, pejada de velas brancas e, igualmente, o “mar da Palha”, que é como quem diz, a zona da foz do Tejo.
Pois claro que também tive beira-Tejo, que é um vício enraizado.
E, para celebrar o dia, aqui fica uma foto de autor, que cheira a sol e a serenidade.
Foto: Adam Orzechowski

20.4.07

Para lá das portas


Há as portas que abrimos e há as portas que fechamos.
Abrir uma porta é postar-se perante a surpresa, o novo, o desconhecido, o desafio, o risco, o labirinto talvez, o temor, a aventura, o encanto de um mundo novo.
Fechar uma porta é uma despedida, um abandono, uma amargura, uma desilusão.
É um acto de dor e desalento.
Tantas, tantas são as portas, na vida de cada um de nós!

A cor do silêncio


O som de tua voz
é um ramo a nascer
da árvore da vida.
Com medo de perder-te,
sempre que chegas sinto
o travo da partida.
E quero ficar à tua margem
Ó rosa e Mar!
e ver tua leveza de pássaro
a voar.

Estar sem ti
é estar em silêncio de montanha
sem existir montanha.
É ficar em desterro,
ou regressar, calado, de um enterro
e tomar lentamente um copo de vinho,
sozinho.

Estar contigo
é sempre amanhecer.
É sentir que o sol de repente
toca em mim com a doçura
do que se põe no azul a florescer.

Ai, tecelã da eterna poesia,
um pouco mais de ti em mim
e eu voaria!
Nem me dês teus frutos.
Basta que sorrias.
Não mereço mais.

Artur Eduardo Benevides

19.4.07

Concedi-me um luxo


De não fazer quase nada de útil hoje.
Fui a uma aula de ginástica, cirandei, almocei por aí uma grande salada de frutas e um café, cirandei mais um pouco e, ao passar por um jardim, onde já havia uma mão-cheia de estudantes a namorar, conversar ou a não fazer nada senão olhar e sentir, fiz como eles, deitei-me na relva à sombra da palmeira, e lá passei um grande pedaço de tempo. Também havia jovens mães a passear os pequenos rebentos e mais dois rapazes a brincar com os respectivos cães - cada moço tinha dois.
Este jardim é um lugar de estar feliz, ao contrário de outros, de que já aqui falei, onde se juntam tantos, tantos idosos que me faz impressão. Não me interpretem mal - não é a idade das pessoas que me perturba; é o facto de fazerem só dias de "banco de jardim". Repetidamente, as mesmas pessoas, nos mesmos lugares. Sem querer mais, ou sem meios para querer mais.
Com o solzinho bom e a brisa ligeira que há hoje aqui por Lisboa, cheguei à conclusão que é preciso pouco para ter momentos felizes. E hoje, nem sequer tinha comigo livro ou música. Foi mesmo só saborear o tempo.
Bem sei que este assunto não tem interesse nenhum, mas deu-me vontade de contar. Como não ofende ninguém, aqui fica.

18.4.07

Amor (dito em poema)



Cala-te, a luz arde entre os lábios,
e o amor não contempla, sempre
o amor procura, tacteia no escuro,
essa perna é tua? Esse braço?
Subo por ti de ramo em ramo,
respiro rente à tua boca,
abre-se a alma à língua, morreria
agora se mo pedisses, dorme,
nunca o amor foi fácil, nunca,
também a terra morre.

Eugénio de Andrade

Nomes consagrados


Três dezenas de obras integram a exposição «A visita de Proserpina», do artista português João Cutileiro, que será inaugurada dia 25 em Santiago de Compostela.
…………………………………………
Centradas no «espectáculo da natureza», as obras incluem flores, árvores e figuras femininas que se transformam em elementos vegetais, acentuando, em alguns casos, «a exuberância erótica dos corpos».

Ler mais aqui.

A prova provada


JG, aqui está a prova de que também por lá passo.
A minha foto não tem a nesga do Tejo e estava guardada com o nome de "vícios privados", coisa que os mestres da sabedoria não devem ter, calculo eu.
Bem, a bica, pelos vistos, é vício comum.

16.4.07

Tão pequenas asas


Tão pequenas asas e os horizontes tão vastos!
Também da vontade se faz a força.

15.4.07


...............................
A casa abandonada é demolida. Da parede só restam tijolos quebrados, destroços sobre destroços. O branco agora é a poeira suspensa no ar, é o próprio tempo impregnando a cidade. Está livre de si mesma, já não há querer, apenas a serena essência daquilo que sempre foi.
Ricardo Borges
(Jornalista do Brasil)

Há muito mais


A não perder, AQUI:

Psyche


The verb 'psycho' meant 'to blow', and psyche is the last breath before death. This has come to signify the part of life that escapes a corpse upon death (encompassing the modern ideas of soul, self and mind).

(Wikipedia)

PRINTEMPS


C'est la jeunesse et le matin.
Vois donc, ô ma belle farouche,
Partout des perles : dans le thym,
Dans les roses, et dans ta bouche.
L'infini n'a rien d'effrayant ;
L'azur sourit à la chaumière
Et la terre est heureuse, ayant
Confiance dans la lumière.
Quand le soir vient, le soir profond,
Les fleurs se ferment sous les branches ;
Ces petites âmes s'en vont
Au fond de leurs alcôves blanches.
Elles s'endorment, et la nuit
A beau tomber noire et glacée,
Tout ce monde des fleurs qui luit
Et qui ne vit que de rosée,
L'oeillet, le jasmin, le genêt,
Le trèfle incarnat qu'avril dore,
Est tranquille, car il connaît
L'exactitude de l'aurore.


(Les chansons des rues et des bois)

Victor Hugo

13.4.07

Amanhã há APASSIONATA


Unanimemente reconhecido como o espectáculo equestre de maior sucesso da Europa, a Apassionata vem pela primeira vez exercer o seu fascínio junto do público português. Nos dias 13 e 14 de Abril o Campo Pequeno vai acolher esta “Hommage”. Apassionata é um espectáculo muito colorido, brilhante e divertido, com cantores de ópera, dançarinos de flamengo e música electrizante, acompanhando 40 garanhões. Liberdade, ensino, volteio e acrobacia e muitos outros exercícios deixam a audiência surpreendida. A dar voz a este espectáculo vai estar Arndis Halla, a diva da ópera islandesa.

Cartier na Gulbenkian, um cheirinho















Ainda por mais uns dias, Cartier no Museu Gulbenkian.
Custo do bilhete - 3 euros.
Tempo de visita - entre 1 hora e 1.30 h.
............................................
Jóais - não tenho, nem cobiço; mas ver, sim - é uma forma de arte da Natureza e do talento humano.

In the arms of the angel



Spend all your time waiting
for that second chance
for a break that would make it okay
there's always some reason
to feel not good enough
and it's hard at the end of the day
I need some distraction
oh, beautiful release
memories seep from my veins
and may be empty.
Oh, how weightless,
then maybe ill find some peace tonight

In the arms of the angel
far away from here
from this dark cool hotel room
and the endlessness that you fear
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
May you find, some comfort here
..............................................
Angel - Kelly Clarkson

Ao calor e ao sabor


Chás: são perfumes, aconchegos, varinha de condão, pretexto, ritual, fraternidade, abraço, exotismo, viagem.

12.4.07

Cedo ou tarde



Devias saber
que é sempre tarde
que se nasce, que é
sempre cedo
que se morre. E devias
saber também
que a nenhuma árvore
é lícito escolher
o ramo onde as aves
fazem ninho e as flores
procriam.

Albano Martins
Escrito a vermelho

11.4.07

De poema em poema


Deixar Passar a Poesia
Abrir a voz.
Deixar passar a transparência
Como quem quer matar a sede
Na fonte
a mão escorrendo água...

Poema: Maria Petronilho
Foto: Guida

10.4.07

Leve e delicada é a ternura


Leve e delicada
como a sombra da gipsofila na parede
assim é a ternura.
Tem a textura das coisas impalpáveis
mas respira e aquece
como o sangue das rosas.
......................

A ternura é o meu berço
o meu barco o meu brinco
o meu brinquedo
o meu urso de pêlo
o meu lençol de linho
o meu segredo.

Com ela me enfeito e me consolo
e me envolvo
e me acalmo
e me adormento
e me esqueço da morte.

Rosa Lobato de Faria

9.4.07

Liquescência?

O termo que melhor descreve a presente condição social é "liquescência". Os outrora incontestáveis pilares da estabilidade, como Deus ou a Natureza, caíram no buraco negro do cepticismo, dissolvendo a identificação da localização do sujeito ou do objecto. O significado flui por um processo simultaneamente de proliferação e condensação, ora derivando, ora deslizando ou precipitando-se nas antinomias do apocalipse e da utopia. O lugar do poder — e o sítio da resistência — fica numa zona ambígua, sem fronteiras. De que outro modo poderia ser, quando os vestígios do poder fluem da dinâmica nómada para estruturas sedentárias — da hipervelocidade para a hiperinércia? Talvez seja utópico alegar que a resistência principia (e termina?) com uma rejeição nietzchiana da gema da catatonia inspirada pela condição pós-moderna, e no entanto a natureza demolidora da consciência não deixa muitas alternativas.
...................................................

Ler mais aqui

Sabedoria

Os anos ensinam muitas coisas que os dias desconhecem.
(Autor desconhecido)

Não quero que deis da vossa fartura: quero que deis até doer.
(Teresa de Calcutá)

Nada mais tão útil ao homem como a resolução de não ter pressa.
(H. Thoreau)

Não há razão para termos medo das sombras. Apenas indicam que em algum lugar próximo brilha a luz.
(Ruth Renkel)

Ainda que os teus passos pareçam inúteis, vai abrindo caminhos, como a água que desce cantando da montanha. Outros te seguirão...
(Saint-Exupéry)

O homem é feito para a luta, não para o repouso.
(Ralph Emerson)

8.4.07

Jorge Luís Borges (não-autoria)



INSTANTES
[que não é de Borges]:

"Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito,
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.

Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.

Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver
trataria somente de ter bons momentos.

Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora. Eu era um daqueles que nunca ia
a parte alguma sem um termómetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e,
se voltasse a viver, viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo"

"El poema que Borges nunca escribió"
Una poetisa norteamericana es la autora de unos versos falsamente atribuidos al insigne argentino.

7.4.07

Breve, breve...


...mas sincero: Boa Páscoa, com o melhor sentido que cada um queira dar-lhe.

4.4.07

Resignação e Páscoa

Formatada desde cedo pela religião católica, talvez fosse hoje dia de escrever sobre Páscoa(*) e Ressurreição. Mas não. Antes quero escrever sobre Resignação e Páscoa.
Porque, aos que me são chegados de coração, ouço-os. E não esqueço algumas coisas que me dizem. E se as fixo é porque são importantes, é porque as valorizo muito.
Assim, aqui e agora, vou falar sobre três ou quatro “falas” que fixei e me suscitam questões.
• Quando alguém me diz “no tempo em que o amor cegava……essa pessoa, estimo-a muito”,
• quando alguém me diz a conhecida frase “amei, amaram-me, isso me basta……mas recordo sempre o último olhar. Não com tristeza. Só com melancolia”,
• quando alguém me diz que lhe assentam bem os versos – “Já não me importo/até com o que amo ou creio amar”.
• quando alguém me diz, triste mas prosaicamente, “isso é a pior coisa que um gajo pode ouvir”,

pergunto-me:

A resignação impõe-se ou conquista-se?
A resignação é uma expiação? – De quê?
A resignação é uma forma de santificação?
A resignação é uma forma de sublimação?
A resignação é uma coisa boa ou má?
A ressurreição existe? – E é um direito?

Como a ignorante aqui sabe que há verdades que não são definitivas; como a cada um sua verdade; como somos todos diferentes e todos iguais, iguais nos anseios fundamentais, diferentes no pensamento e nas crenças; aqui fica o pedido, a que venha alguém mais Sábio e mais Iluminado, dizer de sua justiça. Porque tempo de meditação nunca foi perdido e nem fez mal a ninguém.
....................................

(*) Páscoa/Pessach/Passover:
comemora o êxodo dos israelitas do Egipto, durante o reinado do faraó Ramsés II, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.

Porque há inferno


Porque há inferno e condenação, como se diz aqui .
O inferno é na Terra.