30.11.06

Jogos de espelhos


















no palco da vida?!

*******************
O poeta é um fingidor!
Chega a fingir que é dor...

Lá, onde é permitido


















embrulhar-se em azul: desejo-vos BFS.
Façam favor de ser felizes. Esforcem-se por isso, ao menos.

29.11.06

Versos quase tristes

Trago no sangue o mistério
daquele resto de estrada
que não andei...

E era talvez ali
que eu ia ser feliz:

ali
que viriam as Fadas pra contar-me
os contos lindos das Princesas
e de Paláciose de Florestas
que ficaram por contar;
ali que havia de abrir-se
o tal jardim
com flores que nunca morrem
ou, se morrem, há-de ser
na pujança da frescura
por medo de envelhecer...
Mas não passei além da curva...
O meu alento
já dobrou o joelho desistiu.
E eu sei tão bem que há Glória que me chama
e que tudo que digo aqui, ou faço,
é só arremedar, adivinhar,
o que, pra lá da curva que não passo,
havia de fazer ou de dizer!
E eu sei tão bem
que sem tomar nas mãos a Glória apetecida
me não contento!...

- Por que é que tu és só pressentimento,
minha vida?

Sebastião da Gama, Serra-Mãe

para onde caminhamos II?

Com o título mencionado acima, no blogue de alguém que me faz o favor de ser meu amigo, fala-se de duas notícias recentes: um homem de 57 anos molesta uma menina de 9 anos e um recém-nascido é encontrado num saco térmico, abandonado.

Nos comentários a esse post encontrei e, sem intenção de abuso de confiança, antes pela riqueza do testemunho, ouso reproduzir aqui isto:

Bom dia Amigo:
Eu vou dizer-te quem sou...Tenho 38 anos, e o que mais queria na minha vida era ter um filho...o que não será possível nunca, pois a vida "ofereceu-me" este NÃO.Ainda não aprendi totalmente a viver com isso... e quando vejo as situações de que falas...não consigo comenta-las...porque... "Deus dá nozes a quem não tem dentes"
...... e acho que sim...somos muito bem...
Desculpa o desabafo...

28.11.06

Tu também?














Somos dois!

Grão de areia do Eu?


















Porque esquecemos tanto a nossa insignificância?
E a nossa finitude?
Mas também a nossa força para mudar alguma coisa?

27.11.06

Frida Kahlo - um big bang pessoal

O "big bang" não foi uma explosão - foi apenas o momento em que o Universo começou a se expandir. Muitos astrónomos e físicos, actualmente, estão tentando entender o que aconteceu nos primeiros minutos depois do big bang.

















********************


















Big Bang pessoal?

Minhas cores













De mar, terra, sol, calor.
E gente.

O Homem morre, a Obra fica

radiograma

Alegre triste meigo feroz bêbedo
lúcido
no meio do mar
Claro obscuro novo velhíssimo obsceno
puro
no meio do mar
Nado-morto às quatro morto a nada às cinco
encontrado perdido
no meio do mar
no meio do mar

Mário Cesariny

26.11.06

Lichtenstein, Roy


















Still Life with Crystal Bowl - 1973 (1972?)
Whitney Museum of American Art, New York
Arte Pop: dali, de JG

24.11.06

A forma perfeita?

Risco, traço, corto, recorto, recomeço, refaço...

E onde está a forma perfeita?

Imagem dali.

Em honra deste e de todos os Poetas

Em jeito de mimo a todos os que amam a poesia.













Vidro Côncavo

Tenho sofrido poesia
como quem anda no mar.
Um enjoo.
Uma agonia.
Sabor a sal.
Maresia.
Vidro côncavo a boiar

Doi esta corda vibrante
A corda que o barco prende
à fria argola do cais
Se uma onda que a levante
vem logo outra qua a distende.
Não tem descanso jamais.

António Gedeão

23.11.06

Singelezas














Dir-se-iam passarinhos novos, aquelas histórias, a espalharem lírios, diamantes, estrelas, figurinhas de criança; alminhas sem malícia a rirem-se para a gente, uma orquestra a cantar, a natureza animada pelo talento, como a dar-lhe, a palavra humana, e saber a linguagem dos cisnes, dos salgueirais, dos bichos, das águas, das rosas e das crianças. Para ser ordenado contista cumpre fazer voto de singeleza; a santa, divina simplicidade: quanto mais para ser mestre, para ser Andersen, para ser único! É uma literatura, a dos contos, que brota do pensar nacional e do gosto fino e excepcional de um escritor; popular não o é, não se pode verdadeiramente dizer que o seja, senão pelo espírito geral, que a anime e rescenda dela.

Júlio César Machado, 1885
Sobre

Hans Christian Andersen (1805-1875)

Em homenagem


















Às mães, avós e tias que trouxeram sorrisos e doçura às nossas vidas.
Os homens das nossas vidas hão-de ter a sua vez!

22.11.06

Pode o abismo ser belo?














Açores - Terceira

Palavras da poetisa: Perdoai-lhes Senhor

As pessoas sensíveis

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão".

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.


Sophia de Mello Breyner Andresen

21.11.06

Sobre a Mesa














os frutos e os sorrisos.

São janelas?

20.11.06

Orquídeas

"Orquídea", Oscar López Guerra

















Orquídea do Panamá

Entre o fogo e o gelo















Se escoam os dias.

17.11.06

A Vida e a Arte





E a difícil arte de viver.

Hoje é dia de Aniversário


















Duma Senhora que dá pelo nome de Maria_Arvore.
Pois dou-lhe os Parabéns com uma flor.
Vermelha.
Com a garridice e a frescura da sua boa disposição e simpatia.

The departed - Martin Scorsese

Há dias vi aquele filme.
Esta imagem, copiada dali, lembrou-me a palavra "departed".
E lembrou-me uma questão que levantou Rodrigo Guedes de Carvalho, em "Mulher em Branco"...


















E façam por ser felizes, porque hoje é sexta-feira.

16.11.06

Ou uma casa no campo?

As diferenças são permitidas












e não aleijam ninguém.

15.11.06

À margem da melancolia

AGUARELA

Hei-de voltar porque:

Ægroto dum anima est, spes est

***********************************

Ars longa, vita brevis

****************************

Tradução livre e directa, à minha maneira:
Enquanto há vida há esperança e
A arte é grande, pequena é a vida

8.11.06

Bastaria - Uma casa no campo













Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta
e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais


(Canta-ma Elis Regina)


7.11.06

Em azul ou verde II














e sem mais palavras.

Fonte I - Herberto Helder

Ela é a fonte. Eu posso saber que é
a grande fonte
em que todos pensaram. Quando no campo
se procurava o trevo, ou em silêncio
se esperava a noite,
ou se ouvia algures na paz da terra
o urdir do tempo ---
cada um pensava na fonte. Era um manar
secreto e pacífico.
Uma coisa milagrosa que acontecia
ocultamente.


Ninguém falava dela, porque
era imensa. Mas todos a sabiam
como a teta. Como o odre.
Algo sorria dentro de nós.


Minhas irmãs faziam-se mulheres
suavemente. Meu pai lia.
Sorria dentro de mim uma aceitação
do trevo, uma descoberta muito casta.
Era a fonte.


Eu amava-a dolorosa e tranquilamente.
A lua formava-se
com uma ponta subtil de ferocidade,
e a maçã tomava um princípio
de esplendor.


Hoje o sexo desenhou-se. O pensamento
perdeu-se e renasceu.
Hoje sei permanentemente que ela
é a fonte.

RECICLAR, RENOVAR, REINVENTAR.

Isso sim.













Coincinerar é assunto que, para mim, é "chinês", salvo seja!
Mas palpita-me que é capaz de poluir...
Será apenas a minha ignorância a falar?

6.11.06

Ou converto-me à poesia

agora não

o tempo que espere
que agora não posso
quedei-me aqui a ouvir o mar
soltei-me aqui porta esquecida
morada liberta de coisas sérias
estendido no dorso da preguiça
teimosamente a ignorar adormeci

António Paiva
in juntando as letras
Edições Ecopy

Em azul ou verde

Converto-me à cor.













Mais, ainda, nos dias cinzentos.

Ad augusta per angusta















et...
Audi, vide, tace, si tu vis vivere.
Saberes antigos!

Este pintor era do "contra"














Fez como bem lhe apeteceu: mostrou o lado podre da maçã, as folhas já murchas, os figos sem frescura.
Tudo isso também é natureza morta.
Caravaggio
(clickar para ver maior)

3.11.06

Descer à raiz














...............................

Faço eco dum recado

compondo

um abraço, um laço
um acorde no espaço
sinfonia de um beijo
um sentir
o desejo um compasso
a paixão uma pauta
amar é piano
orquestra, concerto, ovação

antónio paiva
(em 2 Nov. 2006)

É com este meu poema que vos digo:
Para quem estiver comigo amanhã na Livraria Leitura no Porto: até amanhã.
Para quem estiver comigo no Sábado na Livraria Buchholz em Lisboa: até Sábado.

Em verde














Frutos verdes, em nome da esperança, em nome de promessas, em nome de futuro, em nome de acreditar, em nome da vida.

2.11.06

Festa de Todos os Santos

Ontem, dia de Todos os Santos, um farol?
Talvez possa haver relação, sei lá...













Para alumiar os caminhos, livrar dos precipícios...

Alqueva, ali tão perto














Que bem lá se estaria hoje...
"Só estou bem onde não estou" - A. Variações.
I'm in the mood...