31.3.07

Um poema


Um poema nunca acaba
É a respiração
O bater do coração
Nem a morte lhe põe fim
Grande ou pequeno
Sem nada dizer disse tudo
E quando pára tudo começa
Noutros corações
João Sevivas
in Frescos

30.3.07

É triste não ter amigos?


«Ainda mais triste é não ter inimigos.
Porque quem não tem inimigos,
É sinal que não tem:
Nem talento que faça sombra,
Nem carácter que impressione,
Nem coragem para que o temam,
Nem honra contra qual murmurem,
Nem bens que lhe cobicem,
Nem coisa alguma que invejem...»

Voltaire

28.3.07

Três lugares

Lugares construídos.
Onde o tempo me pareceu correr sereno e belo.
No meio da multidão: e o Tempo doce, vagaroso, conquistado!
Claro que há mais lugares, muitos mais, mas estes foram os primeiros que me vieram à mente.
São duas pontes onde apetece encostar ao parapeito e ficar, olhando o rio, a cidade, a gente.
É uma escadaria onde apetece sentar e ficar olhando a vida, aquele lago lá em baixo, onde a água canta...
A Barcarola, julgo que se chama assim, o lago.


26.3.07

O apelo do Azul

Porque no Azul e na Água nos sentimos renascer.
Cada mergulho é um baptismo para um ser melhor.

24.3.07

Palavras que não escrevi


Mas degustei sensitiva, lenta e cerimoniosamente, como um vinho velho, raro, de delicado e subtil bouquet:
.......................................................................
Esse algo pode ser a “cobra” de que um poeta falava:

As pessoas, os pássaros e os ratos temem o seu olhar e têm razão para temerem: o olhar da cobra fascina porque é espelho, e o rato nele descobre o rei que podia ter sido, se se tivesse descoberto mais cedo; o pássaro nele revê o anjo, a fada e a alma que em si existem e em breve deixarão de estar consigo; o homem, ou a mulher, no olhar da serpente descobre quem sempre temeu ser e nunca teve a força de o desejar.

23.3.07

Fur (A Pele)

Ou a história imaginária de Diane Arbus.

Um casaco diferente...

E a pele ferida, mergulhando no mar.

O triângulo amoroso interligado a A Bela e o Monstro, recontados em homenagem à fotógrafa que foi revolucionária na sua arte.
Ultrapassou as fronteiras do que era apresentável até à sua época.
Mundos e visões diferentes, através de três pares de olhos e através dos olhos de três gerações: a dos pais da fotógrafa, a sua própria e a das filhas.
...............................................................
Nascida em Nova Iorque em Março de 1923, Diane Arbus iniciou a sua carreira em 1959.
Suicidou-se em Julho de 1971.
Em 1972, fotos de Diane Arbus foram exibidas na Bienal de Veneza.

As mãos vazias


Até as mãos vazias podem ter, por instantes breves, a ilusão de tocar a essência das rosas!

21.3.07

Outra estação chegou

E tem cores...






E dores...


E esperanças...
Talvez porque a morte é a única certeza que a vida nos dá, vamos cumprindo ciclos e rituais. Rotinas que permitam alguma paz. Ou não. Podemos até nem ter paz, mas que não morra a esperança. Nem interessa muito em quê...

Parabéns a Você...

Vão aqui e saberão...
Mesmo que digam que aos homens não se oferecem flores, apeteceu-me mandar um antúrio para a Madeira.
Para o António.

20.3.07

Recomendado





Vivamente recomendado. Razões não faltam.
Baseado em "The painted Veil", de W. Somerset Maughan, este filme mostra Naomi Watts (Kitty) e Ed Norton (Dr. Fane) numa tocante história, desenrolando-se em tempo de cólera e de medos, em cenários deslumbrantes e com retratos magistrais de outros personagens, para além dos já mencionados.

19.3.07

Com sua licença, JG

Me abandonó,
como se abandonan
los zapatos viejos

Ali - J. Sabina

Porque há vozes e poemas que são imperdíveis!

18.3.07

Pensamento a nu


Esta tarde andei a bolinar na margem do Tejo, entre as Docas (Doca de Sto. Amaro) e o Café In e deu-me para pensar. Sim, às vezes penso.
E, por muito que não devesse, vou pôr aqui a nu um bocadinho desses pensamentos.
Riam, se vos apetecer, não acreditem, ou simplesmente chamem-me louca.
Uma das questões que pensei foi esta: dava uns quantos insignificantes anos da minha vida para ter vivido, sentido e escrito os dois primeiros versos deste poema de Neruda:

Para mi corazón basta tu pecho,
para tu libertad bastan mis alas.
Desde mi boca llegará hasta el cielo
lo que estaba dormido sobre tu alma.

Es en ti la ilusión de cada día.
Llegas como el rocío a las corolas.
Socavas el horizonte con tu ausencia.
Eternamente en fuga como la ola.

He dicho que cantabas en el viento
como los pinos y como los mástiles.
Como ellos eres alta y taciturna.
Y entristeces de pronto, como un viaje.

Acogedora como un viejo camino.
Te pueblan ecos y voces nostálgicas.
Yo desperté y a veces emigran y huyen
pájaros que dormían en tu alma.

16.3.07

Retrato em palavras


Como no post que abaixo refiro, se fala de solidão, eu, que não sei desenhar nem pintar, vou fazer-vos o retrato da solidão, como a vejo, mas por palavras. Em três curtas pinceladas.

A solidão é um mundo criado, em tons de cinzento, onde deambulam fantasmas de olhos expressivos, que nos interpelam, mas nunca balbuciam um som. O milagre é que, no mundo da solidão, podem raiar arco-íris. Basta que entre nele alguém que derrame uma gota de carinho, sob a forma de umas palavras, um sorriso, um afago, um pouco de atenção. Então, por por um tempo, esse mundo ganha cor e o solitário sente-se Gente.

Posso destacar

Apesar de me sentir incapaz de produzir, posso sempre destacar aquilo que vi, li e me agradou imenso.
Se me permitem, hoje é isto.
Escrito por alguém que não conheço, mas diz de si mesmo: canho, retratador, golipão, apólida, nervino, exúbere, manés, alóctone, escarolado, querendão, rimador, tartufo, pirrónico, andarilho, filógino, falto, probo, achegado, revel, pegado, gosma.
Só acrescento que, de vez em quando, um bom dicionário de Português faz-me falta.

14.3.07

Não são violetas de Parma


Mas são de agradecimento a quem me tem mimado.
Traduzem o meu sorriso.
São o meu OBGDA.

11.3.07

Já passou


Teclar é que ainda está difícil.

8.3.07

Dia da Mulher

Porque será que estes "dias de" sempre nos lembram qualquer especimen e sempre nos incomodam um bocadinho?
Sendo hoje lembrado que as mulheres existem, têm algum merecimento, são seres úteis à espécie, aqui fica para elas e não só, um pensamento de Alphonse Lamartine:

"Admiramos o mundo através daquilo que amamos".

7.3.07

Ou dois...

E dentro das palavras
que guardam o teu nome
se ouvirá o canto dos mesmos pássaros
a mesma festa nos versos que escutávamos
o eco mesmo das coisas solares

Maria Albertina Mitelo

Faz sempre bem ler um poema


Mesmo o tímido gesto que não ouso
mesmo o sorriso, solto da palavra
mesmo este som de mar
no búzio de esquecer-me
são invenções de estar
porque alheios os nomes e as datas
as regras e as linhas.
Minha é a ausência.
E a mão da noite às vezes
se a morte adeja
e me adivinha.

Rosa Lobato de Faria

6.3.07

Chuva civil

Diz-se que "chuva civil não molha militar".
Foi dentro dessa convicção que, depois de ter almoçado com pessoas amigas, fui a um bate-perna, para ajudar a digestão, ali para os lados do Saldanha e arredores.
Também já por aqui confessei como gosto de apanhar chuva, portanto, está tudo dito.
Acabei a minha digressão pedreste no Jardim Constantino onde, ainda há poucos dias, sem chuva, também vi algo que me deixou pensativa. Como já vi na Praça Paiva Couceiro, como parece que acontece no Jardim da Estrela, onde vou mais raramente, mas que a minha amiga F.T. costuma designar como o "jardim das p...... frias". São dezenas de homens, que passam tardes inteiras a jogar às cartas, nas mesas do jardim.
Também gosto de andar pelos jardins, sentar, olhar, apreciar.
Mas, isto que observo deixa-me triste.
Que País é este, onde os homens idosos gastam as suas tardes, sistematicamente, ao que me parece, nesta missão de fazer "passar o tempo"?
E as mulheres, as da mesma idade do que eles, que farão?
Não é este o País que eu queria, não era esta a ocupação que eu gostava de ver nos reformados de Portugal.
Se se lhe chama "a idade de ouro", porque lhe damos aspirações e/ou condições de lata?

5.3.07

Um frio


- E tu, Sara, porque choras? – Que tristeza é essa que te consome?
- Ando perdida de mim. Já não me conheço.
- Como assim? – Conheço-te eu. Conhecem-te tantas pessoas. Estimam-te.
- Conhecem um fantasma. O fantasma do que fui. Sou outra. Sou outras e não sei quem sou. Tenho uma idade na cabeça, outra no coração e outra na pele. O espelho mente-me. Não sou aquela pessoa que ele me devolve. O coração mente-me. Não sou aquela pessoa que ele finge animar. O pensamento mente-me. Não sou aquela pessoa racional e decidida que ele me quer impingir. Afinal, quem sou? – Restos. Restos destroçados do que fui. Naufrágio sem tempestade. Morte sem estertor. Grito sem som. Sou a senhora da agonia. Simplesmente. Delicada e suavemente caminhando na Terra do Nada.


(Extraído das folhas soltas, guardadas na escrivaninha)

4.3.07

Encher o olhar

Porque ao domingo gosto de ver o mar, encho a olhar de azul, de gaivotas, de horizontes.
E hoje, porque chovia, molhei o rosto na chuva, enchi o peito duma nostalgia leve.
A nostalgia de todas as coisas que persistirão para além de mim, que um dia me fizeram vibrar de emoção. Porque vive em nós uma sede de futuro e vive em nós, também, uma certeza de pequenez e finitude. O drama do ser pensante.





Imagem > origem

Desabrocham




Foto 1 - de B.P.
Fotos 2 e 3 - de Ana

3.3.07

Pescamos


Pesca, homem, pesca teu jantar!
Como eu pesco, nesse rio, a serenidade e a beleza.
Somos pescadores irmãos; cada um com sua fome.

2.3.07

Imperdível

Notes on a scandal - no original
Diário de um escândalo - na tradução





Realização: Richard Eyre
Com: Judy Dench, Cate Blanchett, Bill Nighy
"Agora, mais do que nunca, estamos unidos pelos segredos que partilhamos."
Duas actrizes em performances brilhantes.
Diálogos que me convenceram.
Posturas e frases das personagens que me deixaram em cogitação, depois de sair da sala.
Temática interessante, num filme que não é escabroso. De todo.
Esta é a minha visão, claro.
Cada espectador com a sua.

1.3.07

Cirandar

Cirandar é o meu andar por aí, sem rota previamente estabelecida. Como a minha amiga B. me pediu, hoje mostro um dos meus muitos lugares de cirandar à beira do Tejo.
Onde vou em dias de sol, mas de tempo cinzento ou de chuva também.
Porque há ali um café simpático, onde sempre se pode entar e tomar uma bebida fresca ou quente, conforme fôr mais adequado. Já em tempos mostrei duas fotos destas bandas, julgo.














































Há o café, térreo, uma mezzanine e uma esplanada.
É só escolher.
A resposta é não!
Não sou dona, nem sócia.

E por aqui...



Casa dos Bicos - mandada construir em 1523 por Brás de Albuquerque, presidente do Senado em Lisboa e protegido do rei D. Manuel, destinada a habitação, na sua origem, em baixo à direita e a Sé, lá no alto, para quem não conheça.

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