27.4.07
26.4.07
Conversa de pardal

Se fosse uma gaivota, era meu todo o azul, céu e mar minhas estradas, das viagens de descoberta.
Se fosse uma andorinha, ia para sul em busca de luz e calor. E voltava na primavera, a matar saudades dos lugares bonitos que aqui deixei.
Sendo pardal, uns poucos grãos e este riacho me bastam. Aqui bebo e me banho e, neste riacho, pode caber uma existência plena.
25.4.07
Não se resignem
24.4.07
23.4.07
Alberto, o místico
-------Wikipedia-------
Teve Alberto João uma revelação.
22.4.07
Insónia
Aqui deixo dois exemplos de conteúdo:
São mãos que trabalham
São mãos que trabalham.
São de homens que puxam barcos, guiam máquinas, arrancam pedras, martelam nas ruas.
Estas mãos têm dores.
As mãos com feridas têm saudades da água fresca, das flores, da língua dum cão, das penas dum passarinho.
Os homens destas mãos são tristes. Têm fome, têm sede, gostavam de acordar um dia e descansar de manhã à noite.
Gosto muito das mãos das pessoas que trabalham.
Estas mãos fazem lembrar um coração com susto.
Dia de Natal
Tristeza vai-te embora
Tristeza
pequena morte.
Chega a noite, vai-se o dia
e assim há-de desaparecer este pobre diabo
que eu sou
com calças rotas
camisola cosida.
Esperavas um milagre nesta noite de Natal?
A camisola não recebeste
as calças não tas deram.
Bem feito
para não acreditares em anjos.
Não espanta que o sono demorasse ainda a chegar, pois não?
21.4.07
Celebrar o dia

Na passeata de “ir ver o mar” – mar do Guincho - constatei que as praias da linha do Estoril já estavam cheias de gente.
A baía de Cascais, uma beleza, pejada de velas brancas e, igualmente, o “mar da Palha”, que é como quem diz, a zona da foz do Tejo.
Pois claro que também tive beira-Tejo, que é um vício enraizado.
E, para celebrar o dia, aqui fica uma foto de autor, que cheira a sol e a serenidade.
20.4.07
Para lá das portas

A cor do silêncio

O som de tua voz
é um ramo a nascer
da árvore da vida.
Com medo de perder-te,
sempre que chegas sinto
o travo da partida.
E quero ficar à tua margem
— Ó rosa e Mar! —
e ver tua leveza de pássaro
a voar.
Estar sem ti
é estar em silêncio de montanha
sem existir montanha.
É ficar em desterro,
ou regressar, calado, de um enterro
e tomar lentamente um copo de vinho,
sozinho.
Estar contigo
é sempre amanhecer.
É sentir que o sol de repente
toca em mim com a doçura
do que se põe no azul a florescer.
Ai, tecelã da eterna poesia,
um pouco mais de ti em mim
e eu voaria!
Nem me dês teus frutos.
Basta que sorrias.
Não mereço mais.
Artur Eduardo Benevides
19.4.07
Concedi-me um luxo

18.4.07
Amor (dito em poema)

Cala-te, a luz arde entre os lábios,
e o amor não contempla, sempre
o amor procura, tacteia no escuro,
essa perna é tua? Esse braço?
Subo por ti de ramo em ramo,
respiro rente à tua boca,
abre-se a alma à língua, morreria
agora se mo pedisses, dorme,
nunca o amor foi fácil, nunca,
também a terra morre.
Eugénio de Andrade
Nomes consagrados

Três dezenas de obras integram a exposição «A visita de Proserpina», do artista português João Cutileiro, que será inaugurada dia 25 em Santiago de Compostela.
…………………………………………
Centradas no «espectáculo da natureza», as obras incluem flores, árvores e figuras femininas que se transformam em elementos vegetais, acentuando, em alguns casos, «a exuberância erótica dos corpos».
Ler mais aqui.
A prova provada
JG, aqui está a prova de que também por lá passo.
A minha foto não tem a nesga do Tejo e estava guardada com o nome de "vícios privados", coisa que os mestres da sabedoria não devem ter, calculo eu.
Bem, a bica, pelos vistos, é vício comum.
16.4.07
15.4.07

PRINTEMPS
Victor Hugo
13.4.07
Amanhã há APASSIONATA

In the arms of the angel

Spend all your time waiting
for that second chance
for a break that would make it okay
there's always some reason
to feel not good enough
and it's hard at the end of the day
I need some distraction
oh, beautiful release
memories seep from my veins
and may be empty.
Oh, how weightless,
then maybe ill find some peace tonight
In the arms of the angel
far away from here
from this dark cool hotel room
and the endlessness that you fear
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
May you find, some comfort here
..............................................
12.4.07
11.4.07
10.4.07
Leve e delicada é a ternura

Leve e delicada
como a sombra da gipsofila na parede
assim é a ternura.
Tem a textura das coisas impalpáveis
mas respira e aquece
como o sangue das rosas.
......................
A ternura é o meu berço
o meu barco o meu brinco
o meu brinquedo
o meu urso de pêlo
o meu lençol de linho
o meu segredo.
Com ela me enfeito e me consolo
e me envolvo
e me acalmo
e me adormento
e me esqueço da morte.
Rosa Lobato de Faria
9.4.07
Liquescência?
...................................................
Ler mais aqui
Sabedoria
(Autor desconhecido)
Não quero que deis da vossa fartura: quero que deis até doer.
(Teresa de Calcutá)
Nada mais tão útil ao homem como a resolução de não ter pressa.
(H. Thoreau)
Não há razão para termos medo das sombras. Apenas indicam que em algum lugar próximo brilha a luz.
(Ruth Renkel)
Ainda que os teus passos pareçam inúteis, vai abrindo caminhos, como a água que desce cantando da montanha. Outros te seguirão...
(Saint-Exupéry)
O homem é feito para a luta, não para o repouso.
(Ralph Emerson)
8.4.07
Jorge Luís Borges (não-autoria)

INSTANTES
[que não é de Borges]:
"Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito,
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver
trataria somente de ter bons momentos.
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora. Eu era um daqueles que nunca ia
a parte alguma sem um termómetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e,
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo"
"El poema que Borges nunca escribió"
Una poetisa norteamericana es la autora de unos versos falsamente atribuidos al insigne argentino.
7.4.07
4.4.07
Resignação e Páscoa
Formatada desde cedo pela religião católica, talvez fosse hoje dia de escrever sobre Páscoa(*) e Ressurreição. Mas não. Antes quero escrever sobre Resignação e Páscoa.
Porque, aos que me são chegados de coração, ouço-os. E não esqueço algumas coisas que me dizem. E se as fixo é porque são importantes, é porque as valorizo muito.
Assim, aqui e agora, vou falar sobre três ou quatro “falas” que fixei e me suscitam questões.
• Quando alguém me diz “no tempo em que o amor cegava……essa pessoa, estimo-a muito”,
• quando alguém me diz a conhecida frase “amei, amaram-me, isso me basta……mas recordo sempre o último olhar. Não com tristeza. Só com melancolia”,
• quando alguém me diz que lhe assentam bem os versos – “Já não me importo/até com o que amo ou creio amar”.
• quando alguém me diz, triste mas prosaicamente, “isso é a pior coisa que um gajo pode ouvir”,
pergunto-me:
A resignação impõe-se ou conquista-se?
A resignação é uma expiação? – De quê?
A resignação é uma forma de santificação?
A resignação é uma forma de sublimação?
A resignação é uma coisa boa ou má?
A ressurreição existe? – E é um direito?
Como a ignorante aqui sabe que há verdades que não são definitivas; como a cada um sua verdade; como somos todos diferentes e todos iguais, iguais nos anseios fundamentais, diferentes no pensamento e nas crenças; aqui fica o pedido, a que venha alguém mais Sábio e mais Iluminado, dizer de sua justiça. Porque tempo de meditação nunca foi perdido e nem fez mal a ninguém.
....................................
(*) Páscoa/Pessach/Passover:
comemora o êxodo dos israelitas do Egipto, durante o reinado do faraó Ramsés II, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.